domingo, 28 de agosto de 2011

O caminhar.

Leia sem pressa sem moderação, feche seus olhos e leia, feche seus olhos e sinta, é do meu coração para o seu coração.



Leia sem pressa sem moderação, feche seus olhos e leia, feche seus olhos e sinta, é do meu coração para o seu coração.
Caminho pelo deserto, um deserto plano de areia, olho para todos os lados e nada vejo alem do deserto, a areia é fina meus passos se arrastam não sei para onde, meu medo é de ficar parado.
Com um mochila nas costas presas em mim... caminho, uma mochila onde tudo cabe; pedras aparecem ao meu caminho não sei porque mas eu as ajunto e coloco na minha mochila.
Caminho bastante, sempre cabe uma pedra, meu caminhar agora é um arrastar de pernas.A mochila se torna ainda mais pesada quando presto atenção no silencio..este silencio me incomoda e me inquieta ..o silencio pesa sobre as pedras... este silencio que dialoga com minha solidão... o silencio que mostra que sou escravo, escravo da minha mochila, escravo das minhas pedras.
A mochila, as pedras, o silencio a me incomodar, surge um sopro, um sopro contrario ao meu caminhar, na medida que caminho o sopro aumenta tornando-se um vento, um vento que parece querer me mostrar o caminho a caminhar, não sei porque mas não cedo ao seu pedido, cedo a minha vontade ou melhor luto pela minha vontade, luta essa que me desgasta e me arrasta.
A mochila, as pedras, o silencio e agora o vento me castigam, se ao menos eu pudesse largar da mochila, se eu pudesse parar de ajuntar pedras, se o vento parasse de me convidar, não sei porque mas dentro de mim a angústia vem crescendo, percebi ela agora a pouco, e ela já esta tremenda, presto atenção nela e ela me entristece me deixa furioso me deixa fatigado me deixa ahhhhhh sozinho. Meus pés se arrastam pela areia fina, não aguento mais isso tudo.
Paro de caminhar, respiro fundoooooooo, respiro fundo pela segunda vez, então abro minha boca e grito, grito pela segunda vez e dessa vez meu grito puxa junto minhas lagrimas, inicio um choro, um choro de angustia um choro de solidão. O grito se mistura as lagrimas, e essa mistura cai na areia fina, olho para essa mistura no chão, e essa mistura é um pedido de socorro, e esse é meu único.
Do olhar para o chão passo agora a olhar para o céu, o vento para, o vento cessante parece me dizer ter chegado ao meu destino , avisto distante em meio a imensidão deste céu, algo a se aproximar de mim, algo a se aproximar do chão, algo a se aproximar da areia, meu desejo é correr, tenho um temor do que se aproxima. mas o vento que cessara a instantes me diz para ficar.
O algo começa a ter forma no céu, começa a descer mais rápido, percebo que é feito de madeira, uma madeira escura, quando percebo que é uma cruz, a mesma se crava no chão a uns 100m de mim, com o cravar dela o chão se treme, o chão se racha, o medo toma conta de mim penso em correr, mas o temor da grandeza dela me convida a ficar, o deserto vem se rachando na minha direção, até alcançar a ponta dos meus dedos, então inesperadamente o vento me joga para trás, o deserto se abre atrás de mim, e caio.
Caio num oceano, um oceano de sangue, caio sem afundar, este sangue remove de mim as pedras, remove de mim a mochila, remove de mim o medo, remove de mim a angustia, remove de mim a solidão.
Após o sangue ter removido tudo de mim decido mergulhar, mergulho neste sangue para nunca mais voltar e agora para sempre viver.