terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Balboa

Caminhava em minha direção, éramos só nesta rua, o transito cessara e previsivel era nosso encontro, um vento contrario a minha face, me faziam sentir o seu perfume de podridão, nao existia prioridade para com seu corpo, nem com sua aparencia, talvez até para sua vida. Seu cabelo duro não se mexia nesta brisa, seus passos arrastados denunciavam a deriva do seu destino.

Ainda não havia notado minha presença, e meu olhar percorria-lhe o corpo na esperança de encontrar algum ferimento, alguma cicatriz, características de um guerreiro de rua.

Quando se depara com minha presença apura os passos na direção de um poste, e cerrando as mãos, ajeitando a postura poe-se a socar. Paro e contemplo a cena, não busco respostas, quero somente olhá-lo, estamos perto, na distância de alguns passos, nossos olhares se cruzam, mantenho-o preso aos meus: encarando-o. Não sinto medo, nem ao menos ameaçado, tão somente aquele gesto me diz: ainda tenho forças para lutar, para vencer. E em resposta lhe digo: já venceste o mundo guerreiro, ainda está de pé.




Nenhum comentário:

Postar um comentário