domingo, 15 de julho de 2012

Marshmallow

Os velhos contavam uma lenda no vilarejo de Astorga, os velhos envelhecidos pelo conhecimento e pelos dias bem vividos, dizia-se de uma doce lagoa verde no meio da floresta que ao que nela mergulhasse sairia rejuvenescido do tempo.. não que a lagoa apagasse o passado nem prometesse o futuro, mas asseguraria de um eterno presente, a eterna juventude do agora.. Nesse reino uma linda garota sempre ouvira dessa historia assim como todas as demais, mas o que a fazia diferente é que sempre acreditara nessa historia.. em suas noites de descanso adormecia em pensamento na sua lagoa verde, e a cada noite parecia que seu respirar alcançava o frescor das águas, e cada descanso era mais revigorante, cada descanso era um descanso, cada descanso era uma certeza.. Era junho, e como todo vilarejo a festa junina marcava este mês e acontecia ao ritmo de dançantes musicas e boas comidas, na metade do mês estava programado a maior das festas, onde a fogueira de quinze metros seria acessa e os fogos estourariam.. a linda garota tratou de se aprontar no final da tarde e tomou um banho na escuridão do rio, fez uma trança e colocou grampos bem presos em seus cabelos e saiu para a festa, chegando lá avistou o carrinho de pipocas e pegou um saquinho bem cheio, logo que começou a comer viu que sua amiga americana estava sentada num banco, logo sentou ao seu lado e ali permaneceu aconchegada.. pessoas passavam sorrindo e assobiando e o clima era de festa.. a jovem comia e avistando o fundo branco do seu saco percebia que estava com fome, mas não era fome de pipoca, nem de feijão, era fome daquilo que ela ainda não tinha comido.. sorrindo logo lembrou daquilo que a inquietava, era a lenda, a lenda que a convidava a ser vivida e descoberta.. despediu-se de sua amiga, e caminhou apressadamente até sua casa onde na geladeira pegou um potinho de salada de fruta e partiu rumo a floresta.. começou logo a caminhar rumo a floresta e o som da musica a suas costas começava a mais distante até sumir, e então os únicos sons eram dos sabiás numa ritmada canção, seus passos eram dados com firmeza e caminhava numa direção que não conhecia, o importante era caminhar não ficar parada ao tempo.. seus olhos constantemente se fechavam e sua mente como num sonho a levava as águas, abria um tanto assustada e percebia que estava suada.. ao voltar de uma dessas ilusões percebeu ao seu redor que já não tinha mais nenhuma arvore, e um campo de grama estava a sua frente, e tudo era iluminado pela lua, tudo se fazia visível.. continuou a caminhar e abrindo a boca assustada percebeu que estava a beira de um penhasco, e abaixo dele estava a lagoa verde, a sua lagoa verde calma e serena.. era alto, muito alto, a calmaria de outrora foi preenchida por um estranho temor.. se aproximou lentamente afim de contemplar toda a lagoa, era linda, verde e iluminada, o estranhamento e o silencio da primeira vista dera lugar a uma voz, e a uma fala, e nessa fala claro era o convite do pulo.. de repente ouve um estrondo seguindo de um clarão vindo atrás de si, vira-se e risonha lembra que são os fogos da festa e então senta-se no chão comendo sua salada de frutas, contempla até que o ultimo é lançado, então vira-se de novo a sua lagoa e ficando a beira do penhasco olha para os seus pés e para todo seu corpo então fecha os seus olhos, e abrindo os seus braços lentamente se prepara para um abraço, ficando nas pontas dos pés inclina seu corpo para frente e pensa.. estou feliz porque sinto que aqui é o meu lugar...

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