Os velhos contavam uma lenda no vilarejo de Astorga, os
velhos envelhecidos pelo conhecimento e pelos dias bem vividos, dizia-se de uma
doce lagoa verde no meio da floresta que ao que nela mergulhasse sairia
rejuvenescido do tempo.. não que a lagoa apagasse o passado nem prometesse o
futuro, mas asseguraria de um eterno presente, a eterna juventude do agora..
Nesse reino uma linda garota sempre ouvira dessa historia assim como todas as
demais, mas o que a fazia diferente é que sempre acreditara nessa historia.. em
suas noites de descanso adormecia em pensamento na sua lagoa verde, e a cada
noite parecia que seu respirar alcançava o frescor das águas, e cada descanso
era mais revigorante, cada descanso era um descanso, cada descanso era uma
certeza.. Era junho, e como todo vilarejo a festa junina marcava este mês e
acontecia ao ritmo de dançantes musicas e boas comidas, na metade do mês estava
programado a maior das festas, onde a fogueira de quinze metros seria acessa e
os fogos estourariam.. a linda garota tratou de se aprontar no final da tarde e
tomou um banho na escuridão do rio, fez uma trança e colocou grampos bem presos
em seus cabelos e saiu para a festa, chegando lá avistou o carrinho de pipocas
e pegou um saquinho bem cheio, logo que começou a comer viu que sua amiga
americana estava sentada num banco, logo sentou ao seu lado e ali permaneceu
aconchegada.. pessoas passavam sorrindo e assobiando e o clima era de festa.. a
jovem comia e avistando o fundo branco do seu saco percebia que estava com
fome, mas não era fome de pipoca, nem de feijão, era fome daquilo que ela ainda
não tinha comido.. sorrindo logo lembrou daquilo que a inquietava, era a lenda,
a lenda que a convidava a ser vivida e descoberta.. despediu-se de sua amiga, e
caminhou apressadamente até sua casa onde na geladeira pegou um potinho de
salada de fruta e partiu rumo a floresta.. começou logo a caminhar rumo a
floresta e o som da musica a suas costas começava a mais distante até sumir, e
então os únicos sons eram dos sabiás numa ritmada canção, seus passos eram
dados com firmeza e caminhava numa direção que não conhecia, o importante era
caminhar não ficar parada ao tempo.. seus olhos constantemente se fechavam e
sua mente como num sonho a levava as águas, abria um tanto assustada e percebia
que estava suada.. ao voltar de uma dessas ilusões percebeu ao seu redor que já
não tinha mais nenhuma arvore, e um campo de grama estava a sua frente, e tudo
era iluminado pela lua, tudo se fazia visível.. continuou a caminhar e abrindo
a boca assustada percebeu que estava a beira de um penhasco, e abaixo dele
estava a lagoa verde, a sua lagoa verde calma e serena.. era alto, muito alto,
a calmaria de outrora foi preenchida por um estranho temor.. se aproximou
lentamente afim de contemplar toda a lagoa, era linda, verde e iluminada, o
estranhamento e o silencio da primeira vista dera lugar a uma voz, e a uma
fala, e nessa fala claro era o convite do pulo.. de repente ouve um estrondo
seguindo de um clarão vindo atrás de si, vira-se e risonha lembra que são os
fogos da festa e então senta-se no chão comendo sua salada de frutas, contempla
até que o ultimo é lançado, então vira-se de novo a sua lagoa e ficando a beira
do penhasco olha para os seus pés e para todo seu corpo então fecha os seus
olhos, e abrindo os seus braços lentamente se prepara para um abraço, ficando
nas pontas dos pés inclina seu corpo para frente e pensa.. estou feliz porque
sinto que aqui é o meu lugar...
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